O câncer de próstata não é apenas o câncer mais comum em homens nos dias de hoje, mas também é uma das principais causas de mortalidade e morbidade em homens em todo o mundo. As estimativas de 2022 da American Cancer Society sugerem que mais de 34.500 pacientes morrem de câncer de próstata todos os anos (1 em 41 casos de câncer de próstata).1

A taxa de mortalidade deste câncer é principalmente devido a pacientes que se apresentam em estágio tardio, ou seja, estágios 3 ou 4. Isso ocorre apesar de vários procedimentos avançados de triagem estarem disponíveis na maioria dos países e é amplamente impulsionado pela noção errada de associar o câncer de próstata a sintomas problemáticos do trato urinário inferior (STUI) tanto em pacientes quanto em médicos. Até mesmo diretrizes nacionais, instituições de caridade e mídia recomendam que as pessoas procurem STUI como um sinal de câncer de próstata. Isso se deve principalmente à observação de sintomas como retenção de urina e fluxo urinário lento, seguidos de aumento da frequência de micção ou noctúria em pacientes com câncer de próstata.

Outra noção comum é a presença de uma próstata aumentada no câncer de próstata. A associação entre o tamanho da próstata e o câncer tem sido estudada há séculos. Em estudos recentes guiados por ressonância magnética, é evidente que existe uma relação inversa entre o tamanho da próstata e o câncer de próstata – o volume médio da próstata é menor em pacientes com câncer de próstata do que naqueles com tumores benignos.

Estudos agora sugerem que o aumento da próstata pode causar supressão mecânica do crescimento do tumor. Um dos primeiros estudos a sugerir que não existe relação entre sintomas urinários e câncer de próstata é o estudo HUNT 2 realizado na Noruega de 1995 a 2007. O estudo de triagem de Gothenburg e o mais recente, o estudo PROTECT, corroboraram esse achado e sugeriram ainda que não havia uma relação inversa entre os sintomas urinários e um achado de biópsia positivo.

No entanto, mais de 86% da população mundial ainda associa STUI ao câncer de próstata e apenas 1% concorda que o câncer de próstata pode ser assintomático.

Há, portanto, uma necessidade urgente não atendida de corrigir a mensagem pública atual sobre os sintomas urinários e, em vez disso, recomendar estratégias de triagem apropriadas para a detecção do câncer de próstata. Enquanto o teste de PSA com fatores demográficos e de comorbidade pode auxiliar na triagem primária de todos os pacientes, a RM de próstata forneceu altos valores de predição negativa e pode ajudar na detecção precoce do câncer sem a necessidade de teste de biópsia. Esforços devem ser feitos por sociedades de orientação, instituições de caridade e mídia, bem como para conscientizar o público de que o câncer de próstata pode ser assintomático e, portanto, a triagem precoce pode ajudar na detecção precoce, melhor prognóstico e tratamento oportuno.2

Referências:

1. https://www.cancer.org/cancer/prostate-cancer/about/key-statistics.html. Acesso em 19 de setembro de 2022.

2. Gnanapragasam VJ, Greenberg, D, Burnet, N. Sintomas urinários e câncer de próstata - o equívoco que pode estar impedindo a apresentação precoce e melhores resultados de sobrevida. BMC Med. 2022;20(1):264.